Sobre receber 2019 com um zíper quebrado


Sou dessas pessoas que gostam de significados, gostam de colocar sentido nos momentos e nos detalhes. E no fim de 2018, logo eu desesperada por sinais de que esse ano terminaria bem, não seria diferente.

Eu estaria terminando 2018 do jeitinho que não planejei: com uma fatura enorme do cartão em aberto, sem fazer as unhas, sem namorado e sem roupa nova. Acendi um incenso na minha casa temporária e respirei fundo. Liguei para uma amiga e pedi uma roupa emprestada. Vesti a blusa branca que ficou incrível mostrando minha tatuagem e a saia colorida, representando tudo o que eu desejo para o ano novo – de tudo um pouco (ou um muito). E então, fui tomar meu banho gelado de cabeça. Quando fui vestir a roupa novamente, o zíper quebra.
Olhei durante alguns segundos para aquele zíper na minha mão, respirei fundo e pensei: esse é 2018 querendo brincar com a minha cara, dizendo que ainda não foi embora. Enquanto pensava isso, um comercial no youtube ficava repetindo a cada música e nesse comercial, dizia “2019 já chegou!”. E logo em seguida, tive um insight.

2018 me deu problemas, mas problemas grandes. 2018 me ensinou a lidar com mais um término de relacionamento, me ensinou a controlar minha respiração em crises de ansiedade, me ensinou a lidar com o passado e não ter pendências com ele. 2018 foi um ano muito sério pra colocar probleminhas como unhas quebradas, chiclete no cabelo ou um zíper quebrado. Isso era 2019. Era o ano novo dizendo “CHEGUEI, E CHEGUEI PARA SER DIFERENTE MESMO!”.

Respirei fundo, abri um sorriso e pensei “Ah, é? Pois pode vir 2019, que estou preparada!”. E depois de ler na internet algo do tipo “o ano não será diferente se você continuar igual”, eu resolvi que seria diferente. A Maria de 2018 teria aceitado o fato de não poder usar o short, e teria usado qualquer outra peça de roupa. A Maria de 2019 estava determinada a usar aquela roupa e passou uma hora entre procurar vídeos no youtube de como consertar um zíper até finalmente conseguir ajeitá-lo. Foi uma hora difícil, que pensei em desistir muitas vezes e me via como louca querendo tanto uma coisa, mas alguma coisinha em mim não me deixou desistir e no fim, estava eu bela e feliz vestindo meu short.

Eu me senti tão realizada por ter conseguido, que me senti mil vezes mais incrível. Ter resolvido o problema “da raiz” e ter aprendido algo novo foi um jeito maravilhoso de se despedir do ano que se foi. E agora eu sei que a Maria desse novo ano é uma Maria forte e determinada (sempre focando na sanidade mental, claro) e eu já estou feliz por ela.

Foi assim que dei tchau para mais um ano e dei as boas-vindas ao novo (mentira, dei as boas-vindas mergulhando no mar com uma amiga muito importante e foi surreal de incrível).

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