O gato e a pomba - Parte 1


Eu poderia ter escolhido X e Y, 1 e 2, fulano e fulana. Mas escolhi um gato e uma pomba, por motivos de: entendedores entenderão.


12:20
Estavam todos almoçando, quando o gato propôs uma ida ao cinema.

O gato era peculiar. Havia uma beleza delicada e ao mesmo tempo, exagerada. Mas principalmente, delicada. Assim como a maioria dos gatos, tinha olhos lindos, mas os seus eram um nível acima. Ninguém nunca sabia o que eles queriam dizer. Seu pelo era de um dourado vivo, mas não chamativo. E o seu sorriso era engraçado. E raro. Talvez poucas pessoas merecessem vê-lo. Trazia paz, sabe? Não, talvez só saiba quem já o viu, ou já o fez aparecer.

Todos haviam compromisso, menos a pomba. Na verdade verdadeira, ela até que tinha mil assuntos para estudar, mas poxa...era o gato.

A pomba era estranha. Não era cinza, como a maioria. Era de um vermelho meio vinho, meio sangue. E seus olhos eram meio caídos, mas não de tristeza, de cansaço talvez. Estava sempre esperando algo, seu pior defeito. Mentira, haviam piores, mas pra esse texto, vamos pontuar esse. E seu sorriso fazia um barulho...diferente, ou irritante, como queiram. Mas ela gostava de estar ali, sempre gostou. Mas agora gostava um pouco mais. 


17:30
O gato e a pomba se encontraram e foram lanchar.

Ok, era tudo estranho. A pomba não sabia o porquê, mas estava ansiosa para ver o gato. E por ele ser um pouco instável, não sabia qual seria sua reação. E quando ela chegou, lá estava ele, esperando, tranquilo, como sempre. O gato, por mais "gato" que fosse, não era o tipo de animal que a pomba costumava se interessar. Então ela simplesmente se forçou a ignorar os fatos. E eles comeram coxinha com Coca-Cola. Que tipo de gato é esse que gosta de coxinha de frango? 

Que tipo de pomba é essa que procura meu nome numa latinha de Coca-Cola? O gato se perguntava. E o "encontro" simplesmente fluiu. Haviam coisas em comum, claro, mas nada do tipo "omg, você é minha alma gêmea". Que dizer, teve um pouco, mas voltando a dizer, a pomba se recusava. E o gato parecia estar feliz, estar satisfeito com tudo aquilo, até falar da onça, sua ex namorada. E falava. E falava. Até a pomba querer ser feito ela. E depois, desistiu. Afinal, quem estava com o gato no cinema mesmo?


21:00
O filme terminou.

O gato foi para a esquerda, a pomba para a direita. E enquanto voava, se questionava porque tudo havia de ser mais complicado para ela. Mas ao mesmo tempo, estava cantando. Nunca mais tudo havia se encaixado tão bem com alguém. Mas por que com o gato? Por que? Não poderia ser com outra ave? Poderia. Não poderia ser com outro bicho? Poderia. Mas não, porque as coisas estão destinadas a não dar certo para ela.

E agora, eu deveria escrever a visão do gato. Mas não vai dar, pois esse texto foi feito pela pomba.



E para essa historinha terminar com um final feliz, a pomba e o gato se tornaram cada vez mais amigos. E o gato continua apaixonado. E a pomba continua pessimista.

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